NEM TUDO DÁ CERTO NO UNIVERSO DIGITAL
No universo do
empreendedorismo, abrir um negócio online pode parecer uma opção infinitamente
mais simples se comparada a um ponto comercial físico. Essa percepção permeia os pequenos empresários,
que são responsáveis por
90% do comércio eletrônico brasileiro, conforme aponta o
Sebrae. Porém, especialistas ouvidos pelo Estadão PME apontam que o caminho do
varejo online também pode ser árduo.
"O comércio eletrônico não é menos complexo do ponto de vista de coisas a fazer, e não é mais barato", alerta o co-fundador da Infracommerce Francisco Forbes. "O varejo entende o físico e o digital como duas operações diferentes, mas para o cliente é a mesma coisa", pontua. A seguir, Forbes aponta quais negócios da internet fracassaram no Brasil, ou precisaram ser reformulados por uma percepção errada de mercado.
"O comércio eletrônico não é menos complexo do ponto de vista de coisas a fazer, e não é mais barato", alerta o co-fundador da Infracommerce Francisco Forbes. "O varejo entende o físico e o digital como duas operações diferentes, mas para o cliente é a mesma coisa", pontua. A seguir, Forbes aponta quais negócios da internet fracassaram no Brasil, ou precisaram ser reformulados por uma percepção errada de mercado.
MARKETPLACES
A reunião de opções de produtos ou serviços em um único site parece a solução milagrosa para qualquer consumidor. Mas, para quem administra um negócio como este, unir clientes e prestadores de serviços pode ser um problema e não uma solução. "Esse modelo está seduzindo muito os empreedendores porque, em tese, ele apenas une duas pontas. Porém, buscar clientes e fornecedores é uma tarefa constante", alerta. "Não é preciso ter estoque, mas se o cliente comprou e não recebeu, é fraude do mesmo jeito."
UBERIZAÇÃO
"Lavador de carro, massagista, personal trainer, instrutor de ioga, personal cooker, personal organizer, manicure. Tudo é uber", brinca Forbes. A estratégia de oferecer ao cliente a solicitação de um serviço por meio de um aplicativo para que ele seja atendido em casa parece genial, mas para o especialista nem sempre é escalável ou pode ser viável para o profissional. Por se tratar de um modelo novo, negócios nesse sentido ainda estão sendo testados, mas muitos já fracassaram.
COMPRAS COLETIVAS
A febre das compras coletivas começou com grandes corporações no Brasil, e algumas outras pequenas correram atrás da tendência. A inspiração nos mercados norte-americano e europeu, porém, fez com que esses negócios não levassem em consideração a realidade do mercado brasileiro. "Nos Estados Unidos e na Europa, as pessoas acham legal. Mas não dá para comparar a mulher brasileira com a alemã, por exemplo. O que funciona lá fora não necessariamente funciona aqui. O digital tem que resolver um problema, não trazer mais trabalho", explica Forbes.
PÁGINAS AMARELAS E LISTAS TELEFÔNICAS
"O fator cultural é muito importante. Nem tudo dá para digitalizar", comenta Forbes. Para ele, um dos exemplos clássicos de negócios que não funcionam na internet são as 'páginas amarelas' online. Sob o modelo de negócios de anunciantes, essas propostas minguaram até desaparecer no Brasil.
CARTÓRIO DIGITAL
Digitalizar os processos burocráticos de um cartório é uma tentativa que facilitaria a vida de uma parcela gigante da população. Tentativas já foram feitas neste sentido, mas nenhuma solução se apresentou realmente viável. "Ouvimos sobre propostas de cartório digital há pelo menos dez anos e torcemos para dar certo", comenta Forbes. "Mas, como envolvem empresa, banco, pessoa física, ainda nada foi suficientemente eficiente."
MEDICINA
Enquanto soluções para o universo de profissionais da medicina seguem crescendo de vento em popa, a proposta da 'ubertização' do atendimento médico ainda caminha a passos de tartaruga e, para Forbes, tem grandes chances de não vingar. "O 'Uber' de médico não vai dar certo no Brasil. O médico acha que não é dessa forma que se marca consulta e o paciente não acredita que seja assim que se faz atendimento", analisa
MÓVEIS
Vender móveis exclusivamente pela plataforma online também ainda não é uma proposta que funciona por aqui. Francisco Forbes aponta o caso da Oppa, que começou com este modelo, mas precisou abrir showroons físicos para atender à demanda dos clientes. "As pessoas ligavam para perguntar se o móvel era fosco, se o sofá era fofo. O que a Oppa fez foi abrir pequenos showroons com compra online", explica.
ALIMENTOS E BEBIDAS
Segmento próspero em outros países, o comércio eletrônico de
alimentos e bebidas, principalmente os perecíveis, empaca no Brasil pelo alto
custo de transporte e das dificuldades logísticas do País.
Fonte: Estadão

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